“E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.” — Mt. 27.41-44
Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e
obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto,
é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das
virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos
e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como
lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua
fúria. No entanto, devemos tirar algum proveito destas blasfêmias ao
aprender com elas a fazer o oposto. De certo, o nosso Senhor Jesus quis ser o
nosso Rei e nosso Cabeça, por isso ele não salvou a si mesmo. Os inimigos
da verdade disseram: “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é
o Rei de Israel, desça agora da cruz”. Mas ele teve de suportar isto em sua pessoa para adquirir para nós a salvação. Por que, então, nosso Senhor Jesus
não poupou a si mesmo? Por que ele suportaria uma morte tão amarga e tão
vergonhosa, a menos que fosse necessário a fim de que pudéssemos ser
libertos através de um tal resgate?
Temos, portanto, desafiado todos os agentes
de Satanás e todos os seus vilões que vomitaram tais blasfêmias, como as que
o escritor do Evangelho descreve, e estamos ainda mais seguros de que
realmente temos um Rei que preferiu a nossa salvação do que a sua própria
vida, e sofreu tudo o que era necessário para a nossa redenção, e não
considerava outra coisa, exceto resgatar o que se havia perdido. Nós teríamos
sido destituídos de toda a esperança, se o Filho de Deus nos houvesse
deixado em nosso estado e condição. Mas quando ele estava tão absorvido
pela morte, que é onde reside a nossa libertação; quando ele suportou tudo
com tanta paciência, que é a causa pela qual Deus agora estende a sua mão e seu poder para nos ajudar em tempo de necessidade, nosso Senhor Jesus,
então, tinha que estar ali, por assim dizer, abandonado por Deus, a fim de
que hoje pudéssemos sentir que ele cuida da nossa salvação, e ele estará
sempre pronto para nos ajudar quando as nossas necessidades o exigem.
No
entanto, vamos também aprender a nos precaver contra todas as tentações,
quando o Diabo vem para nos assaltar, querendo nos fazer acreditar que
Deus nos abandonou, que ele virou as costas para nós, e que é uma coisa
decepcionante esperar nele. Saibamos, então, quando Jesus Cristo é o
verdadeiro padrão de todos os crentes e que ele nos mostrou o caminho que
devemos percorrer, e isso é razão suficiente para que possamos ser
conformados a ele. Ele sofreu tais blasfêmias que foram proferidas contra ele, e ainda assim constantemente resistiu a elas de tal forma que por meio
delas a vitória foi adquirida para nós.
Lutemos, pois, hoje, quando o Diabo
vem nos sitiar, por assim dizer, para derrubar a nossa fé e para fechar a porta
contra nós, para que não sejamos capazes de termos acesso a Deus, como se ele tivesse completamente esquecido de nós. Sigamos o nosso Senhor Jesus
Cristo e esperemos pela hora em que Deus estende Seu braço para mostrar
que ele é misericordioso e um Pai para nós, embora por um tempo ele
suporte nos ver assim abatidos.
Autoria João Calvino
Texto extraído do sexto de uma série de oito sermões sobre a Paixão de Cristo.
Tradução: Calvino21.
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