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CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

MEDALHA DO CENTENÁRIO DO RETORNO DE CALVINO À GENEBRA

J. A. Lucas Guimarães

Mesmo sob anonimato de seu enterro, em sepultura destinada aos indigentes, por força de prévia manifestação em testamento, desde cedo artistas procuraram o retratar e João Calvino (1509-1564), que teve seu nome, ainda em vida, conhecido até no Novo Mundo (América), não se tornou uma vaga lembrança entre os memoráveis vultos da História. Homenageá-lo passaria a figurar como evento público. Os centenários de seu nascimento, bem como a lembrança de seu nome nos festejos comemorativos à Reforma Protestante do Século XVI, tiveram papeis cruciais à permanência da memória histórica sobre ele e da elevação do nível das pesquisas e das publicações literárias no século XX e XXI, dadas a sintetizar em teses a real extensão da influência das ideais calvinianas à formação cultural da sociedade moderna.

 ♥  Leia também: Calvino no Brasil: publicações no século XX

O Musée Calvin de Noyon, cidade natal do reformador e arquiteta desse empreendimento de preservação da memória de seu famoso filho, consta no inventário de seu acervo uma medalha comemorativa ao aniversário de 100 anos do retorno de João Calvino à Genebra após seu exílio.

João Calvino foi um teólogo francês da Reforma Protestante. Ele foi muito influenciado pelo humanismo de Erasmo enquanto estudava na Universidade de Paris. Lá ele passou a rejeitar a autoridade papal e a escolástica em favor das Escrituras. Em 1533, por causa de suas crenças, ele foi forçado ao exílio na Suíça e em 1538 fugiu para Estrasburgo, onde posteriormente se casou com Idelette de Bure (1540). Enquanto estava lá, os Síndicos e o Concílio de Genebra enviaram uma carta a Calvino pedindo-lhe para não voltar, e ele foi oficialmente banido da cidade. Mais tarde, em 1541, com a cidade em tumulto, Calvino retornou a Genebra para encontrar uma teocracia baseada em suas Ordenanças Eclesiásticas. Genebra acolheu refugiados religiosos de toda a Europa e se tornou a base disseminação do legado calviniano a  do calvinismo.

Em perfil com chapéu voltado à direta, a obra foi produção do medalhista alemão Sébastien Dadler (1586-1657) em 1641, com diâmetro de 5,3 cm e 3,3 mm de espessuraNo lado interno do pedestal do anjo, consta a assinatura autoral: SD. Um exemplar foi depositado no Musée Calvin em 1955, oriundo de coleção particular, sob título Medalha com a efígie de Calvino. Consta outro exemplar da medalha em menção, na Coleção European Sculpture and Decorative Arts do The Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque (EUA), a seguir reproduzida:

Medalha comemorativa a Calvino (anverso). Imagem: The Met (New York).

Medalha comemorativa a Calvino (reverso). Imagem: The Met (New York).

A ciência que estuda as moedas e medalhas, sob o ponto de vista histórico, artístico e econômico, cuja análise busca os vestígios histórico, cultural, artístico e econômico de sua representação, é chamada de NumismáticaA confecção de moedas e medalhas em homenagem ao vulto a destacar em marco comemorativo (nascimento, centenário etc.) torna-se vestígio importante do passado à compreensão da relação entre a memória histórica e a expressão de reconhecimento histórico (legado), a saber: a construção de um cenário que abarca o evento do passado e o presente resultante, significado pela posição e postura central do vulto histórico, comumente circundado de breves, mas dignificantes legendas. Desse modo, pela representação artística, pretende-se conduzir o vulto histórico, pela posição e postura no cenário, a expressão pública. Por sua vez, a legenda, que circunda a expor de virtudes e tributos de honra, à condução do público à identificação e reconhecimento.

Na medalha em análise, o anverso recebeu como detalhe o retrato do busto do reformador com barba longa em perfil à direita, boina dobrável e casaco com gola de pele. Circundada por legenda em latim, : IOANNES CALVINUS PICARD : NOVIODUN : ECCLES : GENEV : PASTOR [João Calvino de Noyon, na Picardia, pastor da igreja de Genebra]. Tem-se a identificação pela naturalidade e, sobretudo, pela singularidade do marco histórico comemorado: com o retorno,  Calvino tornou-se conhecido, pelo reconhecido legado, como pastor de Genebra

No reverso da medalha, postado de pé, um Arcanjo alado sopra uma trombeta a segurar um livro aberto com a inscrição DOCTRINA. Enquanto olha à sua direita a trombeta que toca, apoia o pé direito em um pedestal, contendo na borda a inscrição VIRTUS, e remete o pé esquerdo à frente, como dado a iniciar um trajeto. Fincadas ao chão estão duas pequenas árvores, das quais uma pode ser uma oliveira. Na legenda a circundar o interior da medalha, lê-se: DOCTRINA & VIRTUS HOMINES POST FUNERA CLARAT.

Tem-se, a acompanhar a identificação de João Calvino o reconhecimento de seu legado dado pelo posteridade à posteridade. O medalhista é conhecedor do latim e de sua famosas expressões. Pode-se pensar que ele refaz os famosos louvores à virtude: Vivit post funera virtus [A virtude sobrevive após à morte] ou virtus clara aeternaque habetur [A virtude é considerada ilustre e eterna]. No entanto, o propósito é apresentar uma perspectiva de retrospectiva histórica do legado calviniano.

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 ♥  Autoria   J. A. Lucas Guimarães é organizador do Calvino21, historiador, pastor presbiteriano, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM/SP) e escritor, com várias obras publicadas sobre o reformador francês, dentre elas o livro Calvino, Ciência e fake news.

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