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Destaques

CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

COMENTÁRIO DE CALVINO AO EVANGELHO DE MATEUS 1.23

 
EMANUEL: DEUS EM CRISTO CONOSCO

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco (Mt. 1.23).

 

   Seu nome Emanuel   A frase “Deus é conosco”, sem dúvida, é frequentemente empregada nas Escrituras para denotar que ele se faz presente conosco através de seu auxílio e graça, e demonstra o poder de sua mão em nossa defesa. Mas aqui somos instruídos quanto à maneira pela qual Deus se comunica com o ser humano. Porque fora de Cristo, somos alienados dele; mas por meio de Cristo, não somos apenas recebidos em seu favor, mas somos feitos um com ele. Quando Paulo diz que os judeus sob a lei estavam perto de Deus (Ef. 2.17) e que uma inimizade mortal (Ef. 2.15) subsistia entre ele e os gentios, queria apenas ensinar que, por sombras e figuras, Deus então deu ao povo que havia adotado os sinais de sua presença. Essa promessa ainda estava em vigor: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti...” (Dt. 7.21) e “Este é para sempre o lugar do meu descanso...” (Sl. 132.14). Enquanto, porém, a relação familiar entre Deus e o povo dependia de um Mediador, o que ainda não havia se cumprido plenamente foi obscurecido por símbolos. Seu trono e morada encontram-se “acima dos querubins” (Sl. 80.1). Daí, porque a arca era a figura e penhor visíveis de sua glória.

Em Cristo, porém, a presença real de Deus com seu povo e não, como antes, a sombra de sua presença, tem sido exibida. Esta é a razão pela qual Paulo diz que “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2.9). E, certamente, ele não seria um Mediador devidamente qualificado se não unisse ambas as naturezas em sua pessoa e, assim, conduzisse o ser humano a uma aliança com Deus. Nem há qualquer força na objeção, sobre a qual os judeus fazem muito barulho, de que o nome de Deus é frequentemente aplicado àqueles memoriais, pelos quais ele testificou que estava presente com os fiéis.

Quanto a isso, não se pode negar que esse nome Emanuel, contém um contraste implícito entre a presença de Deus como exibição em Cristo, com todo outro tipo de presença que foi manifestada ao povo antigo antes de sua vinda. Se a razão deste nome começou a ser realmente verdadeira, quando Cristo apareceu na carne, segue-se que não foi completamente, mas apenas em parte, que Deus estava anteriormente unido aos Pais.

Disso, surge outra prova de que Cristo é Deus manifestado na carne (1Tm. 3.16). Ele desempenhou, de fato, o ofício de Mediador desde o início do mundo. No entanto, como isso dependia totalmente da última revelação, ele é justamente chamado de Emanuel, naquela época, quando vestido, por assim dizer, com um novo atributo e aparece em público como um Sacerdote: para expiar os pecados do ser humano pelo sacrifício de seu corpo, para o reconciliar com o Pai pelo preço de seu sangue e, em suma, para cumprir cada parte da salvação do ser humano. A primeira coisa que devemos considerar neste nome é a majestade divina de Cristo, de modo a rendê-lo a reverência que é devida ao único e eterno Deus. Mas não devemos, ao mesmo tempo, esquecer o fruto que Deus pretendia que pedíssemos e recebêssemos deste nome. Porque sempre que contemplamos a mesma pessoa de Cristo como Deus-homem, devemos ter certeza de que, se estamos unidos a Cristo pela fé, temos Deus.

Nas palavras “eles chamarão”, há uma mudança no número. Mas isso não está em desacordo com o que eu já disse. É verdade que o profeta se dirige somente à virgem e, portanto, usa a segunda pessoa, “Tu chamarás”. Contudo, desde o momento em que este nome foi publicado, todos os piedosos têm o mesmo direito de fazer esta confissão: que Deus se nos deu para ser desfrutado em Cristo.

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   João Calvino  
John Calvin Commentary: Matthew 1.23. Disponível em: https://www.ccel.org/study/Matt_1.
Tradução: J. A. Lucas Guimarães

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