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COMENTÁRIO DE CALVINO AO EVANGELHO DE MATEUS 1.23
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Mt. 1.23).
┐♥┌
♥ Seu nome Emanuel A frase “Deus é conosco”, sem dúvida, é frequentemente empregada nas
Escrituras para denotar que ele se faz presente conosco através de seu auxílio
e graça, e demonstra o poder de sua mão em nossa defesa. Mas aqui somos
instruídos quanto à maneira pela qual Deus se comunica com o ser humano. Porque
fora de Cristo, somos alienados dele; mas por meio de Cristo, não somos apenas
recebidos em seu favor, mas somos feitos um com ele. Quando Paulo diz que os
judeus sob a lei estavam perto de Deus (Ef. 2.17) e que uma inimizade mortal
(Ef. 2.15) subsistia entre ele e os gentios, queria apenas ensinar que, por
sombras e figuras, Deus então deu ao povo que havia adotado os sinais de sua
presença. Essa promessa ainda estava em vigor: “O Senhor, teu Deus, está no
meio de ti...” (Dt. 7.21) e “Este é para sempre o lugar do meu descanso...”
(Sl. 132.14). Enquanto, porém, a relação familiar entre Deus e o povo dependia
de um Mediador, o que ainda não havia se cumprido plenamente foi obscurecido
por símbolos. Seu trono e morada encontram-se “acima dos querubins” (Sl.
80.1). Daí, porque a arca era a figura e penhor visíveis de sua glória.
Em Cristo, porém,
a presença real de Deus com seu povo e não, como antes, a sombra de sua presença,
tem sido exibida. Esta é a razão pela qual Paulo diz que “nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl. 2.9). E, certamente, ele
não seria um Mediador devidamente qualificado se não unisse ambas as naturezas
em sua pessoa e, assim, conduzisse o ser humano a uma aliança com Deus. Nem há
qualquer força na objeção, sobre a qual os judeus fazem muito barulho, de que o
nome de Deus é frequentemente aplicado àqueles memoriais, pelos quais ele
testificou que estava presente com os fiéis.
Quanto a isso,
não se pode negar que esse nome Emanuel, contém um contraste implícito
entre a presença de Deus como exibição em Cristo, com todo outro tipo de
presença que foi manifestada ao povo antigo antes de sua vinda. Se a razão
deste nome começou a ser realmente verdadeira, quando Cristo apareceu na carne,
segue-se que não foi completamente, mas apenas em parte, que Deus estava
anteriormente unido aos Pais.
Disso, surge
outra prova de que Cristo é Deus manifestado na carne (1Tm. 3.16). Ele
desempenhou, de fato, o ofício de Mediador desde o início do mundo. No entanto,
como isso dependia totalmente da última revelação, ele é justamente chamado de Emanuel,
naquela época, quando vestido, por assim dizer, com um novo atributo e aparece
em público como um Sacerdote: para expiar os pecados do ser humano pelo
sacrifício de seu corpo, para o reconciliar com o Pai pelo preço de seu sangue
e, em suma, para cumprir cada parte da salvação do ser humano. A primeira coisa
que devemos considerar neste nome é a majestade divina de Cristo, de modo a
rendê-lo a reverência que é devida ao único e eterno Deus. Mas não devemos, ao
mesmo tempo, esquecer o fruto que Deus pretendia que pedíssemos e recebêssemos
deste nome. Porque sempre que contemplamos a mesma pessoa de Cristo como
Deus-homem, devemos ter certeza de que, se estamos unidos a Cristo pela fé, temos
Deus.
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