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CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

COMENTÁRIO DE CALVINO AO EVANGELHO DE JOÃO 14.1

FÉ EM CRISTO À DIREÇÃO CERTA A DEUS
Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim” (Jo. 14.1).

   Não se turbe o vosso coração | Não sem boa razão, Cristo confirma seus discípulos com tantas palavras, já que uma disputa tão árdua e mui terrível os aguardava. Porque não era uma tentação comum, que logo depois o vissem pendurado na cruz: um espetáculo em que nada era para ser visto, mas terreno ao mais baixo desespero. Estando próxima a época de tão grande aflição, ele aponta o remédio, para que não sejam vencidos e oprimidos, pois ele não simplesmente os exorta e encoraja a serem firmes, mas também os informa aonde devem ir para obter coragem: isto é, pela fé, quando ele é reconhecido como o Filho de Deus, que possui em si mesmo uma suficiência de força para manter a segurança de seus seguidores.

Devemos sempre prestar atenção ao momento em que essas palavras foram ditas: que Cristo desejava que seus discípulos permanecessem valentes e corajosos, quando pudessem pensar que tudo estava na maior confusão. De igual modo, portanto, devemos empregar o mesmo escudo para afastar tais ataques. Para nós, de fato, é impossível evitar sentir várias emoções. Contudo, embora estejamos abalados, não devemos cair. Assim, é dito dos crentes: que eles não são perturbados, pois, confiando na palavra de Deus, embora grandes dificuldades os pressionem fortemente, ainda assim permanecem firmes e retos.

   Credes em Deus | Também pode ser lido no modo imperativo: Creia em Deus e creia em mim. No entanto, a leitura anterior concorda melhor e tem sido geralmente mais aceita. Aqui ele aponta o método de permanecer firme, como eu já disse, ou seja: se nossa fé repousa em Cristo e o virmos em nenhuma outra luz, senão como estando presente e estendendo sua mão a nos ajudar. Mas é maravilhoso que a fé no Pai seja aqui colocada em primeiro na ordem, pois era necessário dizer a seus discípulos que deveriam acreditar em Deus, já que haviam crido em Cristo. Porque, como Cristo é a imagem viva do Pai, devemos primeiro lançar nossos olhos sobre ele e, por essa razão, ele também desce até nós, para que nossa fé, começando com ele, possa subir a Deus. Mas Cristo tinha um objetivo diferente em vista. Porque todos reconhecem que devemos acreditar em Deus. Ora, esse é um princípio admitido, ao qual todos concordam sem contradição. E, todavia, é raro um em cem que realmente acredite nisso. Não apenas porque a majestade nua de Deus está a uma distância muito grande de nós, mas também porque Satanás interpõe nuvens de todos os tipos para nos impedir de contemplar a Deus. A consequência é que nossa fé desaparece ao buscar a Deus em sua glória celestial e luz inacessível. E até mesmo a carne, por si mesma, sugere mil imaginações para desviar nossos olhos de contemplá-lo de maneira adequada.

O Filho de Deus, portanto, que é Jesus Cristo, apresenta-se como o objeto ao qual nossa fé deve ser direcionada e por meio do qual encontrará facilmente aquilo em que pode repousar. Porque ele é o verdadeiro Emanuel, que nos responde interiormente, assim que o buscamos pela fé. É um dos principais artigos de nossa fé, que ela deve ser direcionada somente a Cristo, para que não vagueie por longos meandros, e que deve ser fixada nele, para que não vacile em meio às tentações. E esta é a verdadeira prova de fé, quando nunca nos deixamos ser arrancados de Cristo e das promessas que nos foram feitas nele. Quando os teólogos papistas discutem ou, melhor dizendo, tagarelam sobre o objeto da fé, eles mencionam apenas Deus e não prestam atenção a Cristo. Aqueles que derivam sua instrução das noções de tais homens devem ser abalados pelo menor vendaval que sopra. Homens orgulhosos têm vergonha da humilhação de Cristo e, portanto, voam para a incompreensível divindade de Deus. De certo, a fé nunca alcançará o céu, a menos que se submeta a Cristo, que parece ser um Deus fraco e desprezível, e nunca será firme, se não buscar um fundamento na fraqueza de Cristo.

   João Calvino  
John Calvin Commentary: John 14.1. Disponível em: https://www.ccel.org/study/John_14.
Tradução: J. A. Lucas Guimarães

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