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CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

COMENTÁRIO DE CALVINO À CARTA DE TIAGO 1.2-3

PACIÊNCIA, O EXERCÍCIO DA ALEGRIA NAS PROVAÇÕES
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tiago 1.2-3).

   Toda a alegria   A primeira exortação é para suportar as provações com uma alegre disposição mental. E, naquele momento, era especialmente necessário confortar os judeus, que estavam quase esmagados por problemas. Porque o próprio nome da nação era tão infame que, para onde quer que fossem, eram odiados e desprezados por todas as pessoas. E a sua condição de cristãos os tornavam ainda mais miseráveis, porque tinham a sua própria nação como o seu inimigo mais inveterado. Ao mesmo tempo, essa consolação não foi tão adequada à época unicamente, mas é sempre útil aos crentes, cuja vida é uma guerra constante na terra.

Mas para que possamos saber mais plenamente o que ele quer dizer, sem dúvida, devemos considerar as tentações ou provações como incluindo todas as coisas adversas. E elas são assim chamadas porque são os testes de nossa obediência a Deus. Ele aconselha que os fiéis, enquanto exercitados por elas, a se alegrarem. E isso não apenas quando caem em uma tentação, mas em muitas: não apenas de um tipo, mas de vários tipos. E, sem dúvida, visto que servem para mortificar a nossa carne, tal como os vícios da carne continuamente disparam a crescer em nós, também, necessariamente, devem ser repetidas com frequência. Além, então, como nos esforçamos sob doenças, não é de admirar que diferentes remédios sejam aplicados para as remover. O Senhor, então, nos aflige de várias maneiras, porque a ambição, a avareza, a inveja, a gula, a intemperança, o amor excessivo ao mundo e as inúmeras cobiças em que abundamos, não podem ser curadas pelo mesmo medicamento.

Quando ele nos ordena em tê-las todas na conta das alegrias, é o mesmo que tivesse dito, que as tentações devem ser consideradas como ganho, a ponto de serem aceitas como ocasiões de alegria. Ele quer dizer, em resumo, que não há nada nas aflições que deva perturbar a nossa alegria. E assim, ele não apenas nos ordena a suportar as adversidades com calma e com uma mente equilibrada, mas nos mostra que essa é uma razão pela qual os fiéis devem se alegrar quando pressionados por elas.

De fato, é certo que todos os sentidos de nossa natureza são formados de tal forma que toda provação produz em nós tristeza e sofrimento. E, até agora, nenhum de nós pode se despojar de sua natureza a ponto de não se afligir e se entristecer sempre que sentir algum mal. Mas isso não impede que os filhos de Deus se elevem, pela orientação do Espírito, acima da tristeza da carne. Por isso, é que, em meio à tribulação, não cessam de se alegrar.

   Sabendo que a provação   Vemos agora por que ele chamou as adversidades de provações ou tentações, até porque elas servem para testar a nossa fé. E há aqui uma razão dada para confirmar a última frase. Porque poderia, por outro lado, ser objetado: “Como é que consideramos como doce o que ao sentido é amargo?” Então, ele mostra pelo efeito que devemos nos alegrar com as aflições, porque elas produzem frutos que devem ser altamente valorizados, como a paciência. Se Deus, então, provê a nossa salvação, ele nos proporciona uma ocasião de regozijo. Pedro usa um argumento semelhante no início de sua primeira epístola: “Para que a prova da vossa fé seja mais preciosa do que o ouro” etc. [1Pe. 1.7]. Certamente, tememos doenças, necessidades, exílio, prisão, reprovação e morte, porque os consideramos como males. No entanto, quando entendemos que eles são transformados através da bondade de Deus em ajuda e auxílio à nossa salvação, é ingratidão murmurar e não se submeter voluntariamente a sermos paternalmente  tratados desse modo.

Paulo diz, em Romanos 5.3, que devemos nos gloriar nas tribulações. E aqui Tiago diz que devemos nos alegrar. “Nós nos gloriamos”, diz Paulo, “nas tribulações, sabendo que a tribulação produz paciência.” O que se segue, imediatamente, parece contrário às palavras de Tiago, pois ele menciona a provação em terceiro lugar, como o efeito da paciência, que é aqui colocada em primeiro lugar, como se fosse a causa. Mas a solução é óbvia. A palavra ali tem um significado ativo, mas aqui um sentido passivo. Provação ou teste, diz Tiago, é para produzir paciência, pois se Deus não nos provasse, mas nos deixasse livres de problemas, não haveria paciência, o que não é outra coisa senão fortalecimento mental para suportar os males. Mas Paulo quer dizer que enquanto perseverando vencemos os males, experimentamos o quanto a ajuda de Deus aproveita as necessidades, pois então a verdade de Deus é como se fosse, na realidade, manifestada a nós. É por isso que ousamos ter mais esperança quanto ao futuro; pois a verdade de Deus, conhecida pela experiência, é mais plenamente crida por nós. Portanto, Paulo ensina que por tal provação, isto é, por tal experiência da graça divina, a esperança é produzida. Não que a esperança, apenas comece aí, mas que ela aumenta e é confirmada. Porém, ambos querem dizer que a tribulação é o meio pelo qual a paciência é produzida.

Além disso, as mentes dos homens não são formadas pela natureza de modo que a aflição por si só produza neles paciência. Mas Paulo e Pedro consideram não tanto a natureza dos homens, mas a providência de Deus pela qual ela vem, para que os fiéis aprendam a paciência por meio das dificuldades. Porque os ímpios são cada vez mais provados à loucura, como prova o exemplo do Faraó.

   João Calvino  
John Calvin Commentary: James 1.2-3. Disponível em: https://www.ccel.org/study/James_1.
Tradução: J. A. Lucas Guimarães

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