Derek Thomas *
Alguns acham equivocado homenagear pessoas. Este foi, afinal de conta, o problema de Corinto, pois declaravam abertamente sua preferência a homens: Apolo, Paulo ou Pedro. Ao fazer isso, causaram grandes divisões na igreja de Corinto.
Mas acho que não devemos concluir disso, que nunca devemos expressar nosso apreço pela vida de homens (e mulheres!), cujos dons ajudaram não apenas sua própria geração, mas também a nossa. Certamente, este é o significado da galeria dos fiéis em Hebreus 11.
De minha parte, qualquer galeria desse tipo devia incluir João Calvino. A frase de abertura da Institutas da Religião Cristã, por si só, vale a contemplação de uma vida inteira: "Quase toda a sabedoria que possuímos, isto é, a verdadeira e sólida sabedoria, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos."
Nem todos concordariam, é claro. Minha crítica favorita a Calvino, monstruosamente exagerada e deliciosamente mordaz, é de Will Durant, o famoso autor da série de onze volumes The History of Western Civilization: "Sempre acharemos difícil amar o homem, João Calvino", escreve Durant, "que obscureceu a alma humana com a mais absurda e blasfema concepção de Deus em toda a longa e honrada história de absurdos." Isso seria o suficiente para fazer qualquer um querer ler Calvino!
O que existe em Calvino que me inspira tanto? Isto:
— seu estilo disciplinado;
— sua determinação de nunca especular;
— sua total submissão às palavras da Bíblia como palavras de Deus;
— sua submissão ao senhorio de Cristo;
— seu senso de santidade;
— sua preocupação em ser o mais prático possível;
— o fato de que uma vida piedosa era seu objetivo e não a teologia a causa disso.
Em uma floresta de teólogos, Calvino se ergue como um Redwood californiano, elevando-se sobre todos os demais.
Eu sei que a palavra "calvinista" é um palavrão teológico em alguns círculos. Estou convencido de que as pessoas que a usam dessa forma nunca leram Calvino! Elas podem ter lido sobre ele, mas não leram do modo cuidadoso e reverente com que ele escreveu. É claro que é pelo que Calvino disse sobre a predestinação que comove certas pessoas. Mas Calvino foi extremamente cuidadoso em não especular isso. Ele falou sobre a predestinação da mesma forma que Paulo faz em Romanos 8 e 9. Em vez de introduzir a eleição bem no início de sua abordagem sobre teologia (o lugar lógico para colocá-la), ele a colocou depois de explicar o que o evangelho é e faz. Calvino falou sobre a oferta gratuita do evangelho primeiro: que o evangelho é para "quem quer que seja". Somente depois de estabelecer isso, ele introduz a predestinação. Desta forma, então, no contexto de reassegurar os crentes de sua eventual glorificação, exatamente da mesma forma que Paulo faz no final de Romanos 8. Calvino estava preocupado em responder à pergunta: por que, quando o evangelho é proclamado, alguns respondem e outros não? Não para Calvino, a presunção e o horrível exclusivismo do antigo hino Batista Particular:
"Somos os poucos eleitos do Senhor,
Que todo o resto seja condenado.
Há espaço suficiente no inferno para você,
Não teremos o céu abarrotado!"
Calvino simplesmente queria exaltar a maravilhosa graça divina. Embora merecesse a condenação, Deus escolheu mostrar seu amor em vez disso. Ele concordaria prontamente com a perspectiva de John Newton:
"Maravilhosa graça! Quão doce é o som,
Que salvou um desgraçado como eu!
Uma vez estava perdido, mas agora fui encontrado.
Estava cego, mas agora vejo."
Calvino viu, o que suspeito e mesmo aqueles que o desprezam também admitem de uma forma ou de outra, que a eleição, a obra poderosa de Deus, fornece a única esperança de certeza no que diz respeito à nossa salvação. De minha parte, se alguma parte disso depende, em última análise, de mim, não tenho nenhuma base para qualquer confiança!
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* Derek Thomas é professor e ministro sênior da Primeira Igreja Presbiteriana em Columbia, S.C.
Título original: In Praise of John Calvin's Institutes. Disponível em: https://www.reformation21.org/calvin/2008/12/the-institutes.php.
Tradução: Projeto Calvino21.
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