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✢ JOÃO CALVINO E OS HÁBITOS DE SANTIDADE - I
INTRODUÇÃO: JOÃO CALVINO E OS HÁBITOS DE SANTIDADE
João Calvino, um contemporâneo mais jovem de Lutero, passou a vida inteira mapeando uma espiritualidade, que coloca o Deus vivo e verdadeiro das Escrituras no centro da busca espiritual. O seu modelo de vida cristã evitava muitas das armadilhas antigas e modernas na estrada da espiritualidade, portanto ele merece um lugar de destaque como uma das maiores lições da história da Igreja. Calvino acreditava que a espiritualidade é produzida quando seguimos disciplinas diárias, em vez de algumas explosões de inspiração e entusiasmo. Sua grande lição foi que podemos muito bem vencer a espiritualidade centrada no eu de nossa era quando aprendemos os hábitos de uma santidade bíblica.
Quais são esses hábitos de santidade? Calvino ressaltou seis deles. Assim como a maioria dos líderes cristãos eficazes, ele cultivou esses hábitos em meio a muitas dificuldades.
A vida de Calvino
O poeta John Milton certa vez escreveu sobre Oliver Cromwell, dizendo que “primeiro conseguiu governar a si mesmo e conquistar sobre si mesmo as vitórias mais singulares, a ponto de se tornar um veterano de guerra antes de combater um inimigo exterior.”
Obter vitórias sobre o eu foi uma batalha que durou a vida inteira para João Calvino. Ele se debateu com a questão do significado e direção em sua vida, assim como Lutero precisou lutar com a questão da morte e da condenação. A busca por direção consumiu grande parte da vida de Calvino.
João Calvino nasceu em 1509, na vila de Noyon, França. Seu pai, Gerard, trabalhava para o bispo local e determinou que seu filho deveria buscar sua carreira na Igreja. Calvino foi enviado para a Universidade de Paris com o objetivo de estudar para o sacerdócio.
Depois que Calvino começou os seus estudos, no entanto, seu pai foi excomungado da Igreja. Por isso, Gerard, talvez desiludido com o catolicismo, ordenou que seu filho mudasse o rumo e estudasse Direito. Logo que o jovem Calvino começou seus estudos jurídicos, recebeu a notícia de que seu pai havia morrido. Ele ficou arrasado. Que direção deveria tomar agora? Livre para seguir as suas próprias inclinações, Calvino se dedicou aos estudos humanistas, que envolviam o estudo da antiga literatura paga e cristã.
Lei também: Oração por iluminação do Espírito Santo
A reputação de Calvino como evangélico logo trouxe problemas para ele; uma revolta contra o evangelismo na Universidade de Paris o forçou a fugir para salvar a sua vida. De 1533 a 1536, ele permaneceu em fuga, vivendo sob nomes falsos e usando disfarces diferentes. Por fim, fixou residência em Basel, Suíça, tempo o suficiente para escrever um pequeno livro com a intenção de explicar a fé evangélica em termos simples. Esse livro, chamado de Institutos da Religião Cristã, tornou-se um best-seller, reeditado várias vezes ao longo de sua vida. A publicação das Institutas garantiu fama imediata a Calvino como um porta-voz articulado da causa evangélica.
A nova fama alcançada por Calvino fez dele um alvo dos reformadores zelosos, que estavam desejosos para contar com seu apoio. Enquanto visitava Genebra, Suíça, Calvino ouviu alguém batendo em sua porta certa noite. O visitante era William Farei, um reformador evangélico que estava ansioso para renovar a Igreja em Genebra, mas precisava de ajuda. Farei insistia que Calvino se aliasse a ele como co-pastor da igreja alemã. Calvino recusou educadamente, explicando que pretendia viver a vida de um erudito discreto. Farei não ficou convencido e clamou pela maldição de Deus sobre os estudos de Calvino, caso ele se recusasse a ajudar na reforma de Genebra. Calvino se sentiu balançado por aquela ameaça e entendeu que Deus estava mudando a direção de sua vida mais uma vez.
Calvino ministrou em Genebra durante dois anos, até ser demitido pelo conselho da cidade, que ficara desencantado com a reforma da Igreja. Então, ele se mudou para a pacífica cidade de Estrasburgo, na época parte da Alemanha, e de 1538 a 1541 passou três anos idílicos como pastor da igreja de refugiados na cidade. Ali também escreveu um comentário de Romanos, o primeiro dos muitos comentários bíblicos que aumentariam a sua fama de exegeta.
Durante seus dias em Estrasburgo, Calvino casou com uma jovem viúva, Idellette de Bure. Ele realmente estava feliz. Tudo ia bem até o dia em que Farei apareceu para chamá-lo de volta a Genebra, pois os líderes da cidade haviam mudado de ideia. Calvino se recusou a voltar, porém quando Farei o ameaçou novamente com a maldição de Deus, ele fez as malas e voltou para Genebra.
De 1541 até a sua morte, em 1564, Calvino trabalhou para reformar a Igreja e a cidade, que se tornou a sua Nínive pessoal. Dessa vez Deus garantiu o seu sucesso. Enquanto as décadas passavam, Genebra foi se transformando no que um visitante, John Knox, chamou de “a escola mais perfeita de Cristo desde os tempos dos apóstolos.” A influência de Calvino se espalhou por toda a Europa. Na época de sua morte, ele havia se tornado o líder internacional da Reforma e uma das figuras mais importantes na formação do pensamento do mundo moderno.
No centro das vitórias públicas de Calvino, como defensor da Reforma, estavam as vitórias pessoais que conquistou em sua busca incansável pelos segredos da santidade. A piedade era predominante na mente de Calvino, conforme ele escreveu nas Institutas, que receberam originalmente o subtítulo de Um Resumo de Piedade. Ele valorizava de forma especial os capítulos que lidavam com a vida cristã. A certa altura, ele chegou a reimprimi-los como livros separados. Esses capítulos sobre a vida cristã forneceram à Igreja os segredos de uma espiritualidade verdadeira, que transcendia o eu e nos ligava a Deus. Calvino não entendia a vida espiritual como uma série de experiências que causam arrepios na espinha, preferindo vê-las como “hábitos do coração” diários (para tomar emprestado uma frase de Tocqueville). Stephen Covey alega que existem “sete hábitos das pessoas altamente eficazes”. Calvino defendia a existência de “seis hábitos dos cristãos altamente eficazes”:
* Extraído de SHAW, Mark. Lições de mestre. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
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