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CRUZ DE CRISTO: MÃO E PODER DE DEUS QUE SOCORREM

“ E da mesma maneira também os príncipes dos  sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus,  escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não  pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e  creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;  porque disse:  Sou Filho de Deus. E o mesmo lhe lançaram  também e m rosto os salteadores que com ele estavam  crucificados.”  — Mt. 27.41-44 Sejamos advertidos e andemos no temor de Deus para que depois de termos provado a sua Palavra possamos recebê-la com reverência e obedeçamos ao nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos é apresentado ali. Porquanto, é também nele verdadeiramente que encontraremos toda a perfeição das virtudes, se nos achegarmos a ele em humildade. Porque se presumirmos e brincarmos com Deus, nossa audácia deve receber tal recompensa, como lemos aqui desses homens miseráveis que foram tão conduzidos por sua fúria. No entanto, devemos tirar algum pr...

É PRECISO PIEDADE PARA CONHECER A DEUS ▪ I.II.1

João Calvino
Por certo, conforme exposto, entendo como conhecimento de Deus aquele pelo qual não apenas consideramos que Deus existe, mas também a compreensão do que é preciso saber sobre ele e o que é necessário à sua glória. Resumindo, o que é essencial conhecer sobre ele. Ora, falando com propriedade, é impossível considerar que Deus é conhecido onde são ausentes a religião e a piedade. Perceba, aqui, que não estou ainda me referindo ao conhecimento pela qual as pessoas, em condição de perdidas e infelizes, percebem a Deus como Redentor por Cristo, o mediador. Nada disso, minha fala diz respeito apenas ao conhecimento básico e comum, que a própria organização da natureza nos conduziria, caso Adão tivesse se mantido puro.

Com certeza, ao considerar à condição de ruína do ser humano, pode-se afirmar que jamais alguém sentirá a Deus, seja como Pai, quer como autor da salvação ou de determinado jeito que convenha, até que Cristo se interfira como ação mediadora para conciliá-lo conosco. Disso, conclui-se que uma coisa é sentirmos que Deus, como nosso Criador, nos sustenta com seu poder, governa-nos em sua providência, provê-nos em sua bondade e nos rodeia de toda sorte de bênçãos e, outra, porém, é abraçarmos a graça da reconciliação que nos é ofertada em Cristo. Como o Senhor se apresenta, primeiramente, tanto na ordem do mundo quanto no ensino geral da Escritura, simplesmente como Criador e, depois, pela face de Cristo como Redentor, disso nasce dois tipos de conhecimento. Neles, é preciso, agora, se deixar encaminhar no estudo do primeiro. O outro, seguirá essa ordem, depois.

Apesar da nossa mente não conseguir compreender a Deus sem que o ofereça alguma expressão de culto, mesmo assim não é o bastante somente afirmar que ele é um e único, e a quem de todos é devido culto e adoração, caso em nós não exista a convicção de que ele é a fonte de todo bem. Isso para que nada seja procurado em outro lugar, mas apenas nele.

Eu o percebo desse modo: que ele não apenas criou de uma vez este mundo e que apropriadamente o sustenta pelo seu imenso poder, dirige-o pela sua sabedoria, o mantém pela sua bondade, governa-o com sua justiça e equidade, bem como em especial ao ser humano, suporta-o em sua misericórdia e guarda-o em sua proteção. Nisso, que se diga ainda, onde quer que em algum lugar seja encontrada uma gota de sabedoria ou de luz, de justiça, de poder, de retidão ou de genuína verdade, que dele não emane e que ele não seja a própria causa. Desse modo, somos levados a aprender a realmente dele esperar e nele buscar todas essas coisas. E, quando recebidas, com gratidão reconhecer que obteve dele.

Realmente, este senso dos poderes de Deus é mestre apropriado da piedade para nós, da qual nasce a religião. Chamo piedade à reverência associada com o amor de Deus que nos dar o conhecimento de seus benefícios. Porque até que o ser humano sinta que tudo deve a Deus, que é assistido por seu paterno cuidado, que é ele o autor de todas as coisas boas e que nada se deve buscar fora dele, jamais se sujeitará em obediência voluntária. Digo mais, caso não ponha nele sua plena felicidade, verdadeiramente e de coração jamais se renderá a ele por inteiro.

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Texto de CALVINO, João. e-Institutas21: livro I, capítulo II,1. Edição digital Calvino21, 2021. Tradução da Institutas da Religião Cristã (1559) por J. A. Lucas Guimarães.

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