“Pois quando sabemos que essa é a
vontade de Deus, cumpri-la é a melhor que todas as demais razões.” – João Calvino, Comentário às Pastorais.
As pessoas estão perdendo a noção
das coisas e das ações. Até que ainda se pode mapear a motivação, mas não a
razão delas? Motivadas pela ira, as pessoas tentam explicar o mal produzido.
Perdem a razão, sem razão!
Vemos pessoas invadidas pela
culpa ou pela decepção por não encontrar a razão para determinada atitude ou
decisão. Quando isso acontece, um sentimento de incapacidade percorre a alma
neutralizando o ânimo e o contentamento com as decisões rotineiras.
Falar sobre a razão das ações não
diz respeito apenas ao motivo, mas a própria racionalidade da construção da
realidade a partir de nossas ações. O motivo de algo se encontra sempre como
resultado do valor momentâneo que damos – onde estiver o seu coração, ai estará
o seu tesouro!
João Calvino nos indica que o
verdadeiro motivo de alguma ação deve ser encontrado na vontade de Deus. As
coisas e ações não tem razão de ser para o cristão se a vontade divina não for
conhecida. A ausência do conhecimento da vontade de Deus é espaço de razões espúrias.
Veja que não estamos dizendo, pois João Calvino não diz, que não existam razões
alheias à vontade de Deus, mas que ela são sempre secundárias.
Um caso típico de razões secundárias é o
vivido pelas irmãs de Lázaro: Marta e Maria (Lc. 10.38-2). Marta, por hospedar
Jesus, considerava que tinha motivo suficiente para providenciar o necessário
para o hospedado. Ela considerava que a cozinha era mais importante que a sala
de estar nesse momento. Com essa motivação, avança sobre a motivação de sua
irmã em considerar que a sala de estar é o melhor espaço para se receber Jesus
como hóspede. A questão gira em torno do que é secundário e principal. Ambas
tinham razão. Apenas Maria estava em vantagem, pois vivencia uma motivação que
estava conforme a vontade de Cristo, sendo, pois, a escolha melhor.
A motivação para algo é questão
de considerarmos como melhor determinada opção. Somente um desajuizado é capaz
de tomar sempre como preferência a pior opção. Têm-se muitas razões! Tentamos
justificá-la todas. Não gostamos de tomar decisões “irracionais”. Até que se
prova o contrário, foi a melhor opção!
Diante
dessa realidade, João Calvino nos leva a considerar que, uma vez conhecida a
vontade de Deus, o cumprimento dessa vontade se torna a principal razão em
detrimento das demais. É uma contradição terrível tentar justificar e encontrar
razão para algo fora da vontade divina!
Quando
Jesus desenvolveu uma conversa com a mulher samaritana, tudo indica que naquele
momento uma das razões máximas era a comida. Ao meio dia, a razão que prevalece
é da fome. Seria justificável o fato dele não ter aprofundado uma conversa com
essa mulher e ter procurado comida. Depois da conversa, os discípulos chegam
com comida e ele se recusa a comer afirmando que sua comida “consiste em fazer
a vontade” de Deus (Jo. 4.34). Notem que até mesmo uma necessidade básica para
a sobrevivência pode ser superada pela motivação por cumprir na vida a vontade
de Deus!
A afirmação de João Calvino nos leva a concluir,
primeiramente, que as motivações que conduzem ao erro é devido ao desconhecimento
da vontade de Deus. Em segundo lugar, que se houver o conhecimento dessa
vontade e ela não se tornar o ditame de nosso coração é porque nosso prazer não
está em Deus, e sua vontade não é a principal razão de nossa vida. E, por fim,
que a vontade de Deus é a melhor das razões para qualquer decisão. Qual a
razão, o motivo? É porque essa é a vontade de Deus para minha vida! Explicação
melhor não existe!
Não fique na dúvida.
Conheça a vontade de Deus e escolha a melhor parte, a melhor opção e a melhor
razão de tudo que você é e faz: a vontade do Senhor!
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