“Tudo o que não edifica deve ser
rejeitado, ainda que não tenha outro defeito; e tudo o que só serve para
suscitar controvérsia deve ser duplamente condenado” – João Calvino, Comentário as Cartas Pastorais
O
Cristianismo padece devido a ausência de zelo por aqueles que o professa. O
nome de Cristo é aviltado devido a profissão de fé de boca e a negação da fé de
coração. João Calvino ressalta a máximo bíblica para todo o comportamento do
cristão. Ele não herdou um ensino bíblico que sugere que se evitem os pecados
capitais e conviva com os demais. A santificação engloba a vida toda e todos os
seus aspectos. A obediência tem como divisa a máxima bíblica: quem peca contra
um mandamento, atenta contra os demais!
Veja
que Calvino conduz-nos a duas tomadas de consciência: quanto ao valor da edificação
e quanto ao mal das controvérsias.
Para
o discípulo de Cristo, a busca da edificação é tudo. Edificar-se significa
firmar-se na verdade de Deus e na submissão em seu nome através da fé em Jesus.
A edificação é algo que acontece através da prática da vida. Toda prática tem
como questão fundamental a edificação, pois ela deve ser a causa de toda boa
obra. Para cada prática é necessário perguntar se isso vai me tornar mais firme
na graça e na soberania de Deus em Cristo. O que não edifica não é somente
perda de tempo ou trabalho inútil, mas decisão de não se edificar no Senhor e
na força de seu poder. Calvino é tão zeloso nesse quesito que chega a afirmar
que uma prática que tem como único defeito o fato de não edificar deve ser
rejeitado. Não existe ausência de defeito onde não impera a edificação! Ora,
por qual motivo o cristão perderia seu tempo e investiria seus esforços em algo
vazio de espiritualidade e devoção a Deus? Crente é aquele que vive para Deus e
tudo o que faz se destina à sua glória e a edificação de sua vida na Rocha de
Israel.
Numa
época em que os cristãos sentem-se fascinados pela controvérsia, a palavra de
João Calvino é norteadora e necessária. A controvérsia pode ter até aspecto de
defensora da verdade. Esquecem, todavia, que a verdade não é exaltada através
do amor a controvérsia pela controvérsia. A arena que armam para disputarem em
prol da verdade é um terrível engano. Ninguém pode com a verdade senão pela
verdade. A característica principal da verdade é que ela não é contensiosa. Todo
instrumental que equipa e favorece a realização de controvérsias deve receber nossa
dupla condenação: não apoiar, não divulgar, não se solidarizar e não rivalizar!
Se Deus é o mesmo, o Espírito é o mesmo, o Senhor é o mesmo e o mesmo é o que
corpo que funciona ajustado para a glória de Deus não se pode tomar outra
atitude contra a controvérsia, pois ela atenta contra a unidade da fé e da
fraternidade cristã.
Quando
o coração encontra-se disposto a servir a Deus em completo amor, até meia
palavra basta. Se não edifica tenho a justificativa para não provar, nem tocar
e nem manusear. Se promove a controvérsia, tenho o dever de levar ao tribunal
de minha consciência esse mal para receber sua devida condenação.
Com
edificação e livres de controvérsias, o cristão tem pela frente a oportunidade
de viver sua fé de forma a transformar seu viver no meio de testemunhar o amor
de Deus e de promover a paz com todos.
Tudo
posso, mas nem tudo me edifica, logo nem tudo prático! Onde a controvérsia
assume o lugar do falar uns aos outros com salmos, a língua tornou-se
instrumento do mal! Sejam esses dois princípios norteadores em nossa vida da fé
e prática. - Rev. Lucas Guimarães
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